Educação e a
Pessoa com Surdez
Scheila Maria Acioli Dias
Muitas propostas e
abordagens para a educação de pessoas com surdez tem surgido ao
longo dos tempo, existindo um embate entre gestualistas e oralistas.
A discussão entre estas
duas concepções acontecem em relação a políticas públicas,
pesquisas científicas e em ações pedagógicas destinadas aos
alunos com surdez. Porém, no
meio dessa discussão em relação a aceitação de uma língua ou
de outra,
as
pessoas com surdez não têm o seu potencial individual e coletivo
desenvolvido, ficam em segundo plano nas vivencias das relações
sociais e relegadas a uma condição excludente ou a uma minoria.
DAMÁZIO & FERREIRA (2010)
A inclusão procura
superar a visão fragmentada de homem, com deficiência ou não.
Propostas educacionais direcionadas para a pessoa com surdez têm
como objetivo proporcionar o desenvolvimento pleno de suas
capacidades; contudo, não é isso que se observa na prática, ainda
existindo muitos desafios e propostas que precisam de maior analise
para que a pratica estabeleça compreensão e o reconhecimento do
potencial, capacidades individuais e no processo de
ensino-aprendizagem de cada aluno.
Esse embate entre
gestualista se oralistas separam as pessoas, “ negligenciando
o potencial e a capacidade notórias e visíveis que elas possuem”
DAMÁZIO
& FERREIRA (2010), canalizando
a atenção para a língua, esquecendo a importância da qualidade e
eficiência de práticas pedagógicas e a necessidade de ambientes
educacionais estimuladores.
Existe a necessidade
de se pensar o sujeito com surdez como ser biopsicossocial, cognitivo
e cultural, com uma parte que limita, porém possibilita e
potencializa outros processos na forma de adquirir e produzir
conhecimento. Assim:
[…] os
processos perceptivos, lingüísticos e cognitivos das pessoas com
surdez poderão ser estimulados e desenvolvidos, tornando-as sujeitos
capazes, produtivos e constituídos de várias linguagens, com
potencialidade para adquirir e desenvolver não somente os processos
visuais-gestuais, mas também ler e escrever as línguas em seus
entornos e, se desejar, também falar. Isso nos faz pensar num
sujeito com surdez não reduzido ao chamado mundo surdo, com a
identidade e a cultura surda, mas numa pessoa com potencial a ser
estimulado e desenvolvido nos aspectos cognitivos, culturais, sociais
e lingüísticos, pois a concepção de pessoa com surdez descentrada
se caracteriza pela diferença, que, sob a força de divisões e
antagonismos, leva a pessoa descentrada a ser deslocada e a assumir
diferentes posições e identidades. Hall apud
DAMÁZIO & FERREIRA (2010).
É
nesse sentido de descentramento identitário que concebemos a pessoa
com surdez como ser biopsicosocial, cognitivo e cultural, não
somente na constituição de sua subjetividade, mas também na forma
de aquisição e produção de conhecimentos. A
perspectiva da inclusão busca possibilidades sociais e educacionais
para a pessoa com surdez, fugindo da visão de subordinação de uma
língua em relação a outra e da visão de diferença cultural com
foco na língua em si, pois esta não é garantia de aprendizagem
significativa, assim busca uma visão que considera o aluno em suas
peculiaridade e potencialidades. DAMÁZIO
& FERREIRA (2010), coloca que:
O ambiente em que a
pessoa com surdez está inserida, em especial o da escola comum, uma
vez que não lhe oferece condições para que se estabeleçam
mediações simbólicas com o meio físico e social, não exercita ou
provoca a capacidade representativa dessas pessoas, consequentemente,
compromete o desenvolvimento do pensamento, da linguagem e da
produção de sentidos.
A pessoa com surdez
possui uma deficiência que provoca diferenças e limitações, que
devem ser reconhecidas e respeitadas, porém não podem servir de
justificativa para o fracasso escolar, Nessas pessoas, se lhes forem
criados ambientes propícios para desenvolverem o seu potencial, as
marcas do déficit, da falta, da falha e da deficiência serão
secundarizadas e será exaltado o seu potencial humano. DAMÁZIO &
FERREIRA (2010).
Assim, a educação
no AEE PS significa:
Preparar para a
individualidade e a coletividade, provocando um processo
comunicacional-dialogal-global, buscando a superação da imanência,
da imediaticidade e buscando a transcendência do social, do cultural
e do histórico-ideológico, com ruptura de fronteiras, e deflagrando
uma sociedade mais solidária, fraterna e humana, em que os saberes
não aprisionem o corpo e a mente ao poder, mas possam liberá-lo.
DAMÁZIO & FERREIRA (2010)
Neste
sentido, o AEE para a pessoa com surdez, deve construir e reconstruir
experiências e vivências que não serão pautadas numa visão
linear, hierarquizada e fragmentada, o ponto de partida será o
reconhecimento das capacidades e potenciais, tendo a
a consciência que, para a
construção de conhecimento o aluno deve agir sob os recursos de
ensino que o estimularão para sua ação, entendendo assim, que os
recursos utilizados pelo docente devem ser significativos para o
aluno.
Scheila,
ResponderExcluirGosto muito de visitar seu blog, pois suas postagens são sempre bem fundamentadas.
Parabéns pela capacidade de síntese. Seu texto ficou ótimo! Você conseguiu destacar as ideias básicas de uma forma bem objetiva.
Roseane Rapôso